PAPO DE ESTANTE COM MARCOS G. - DIVERGENTE (trilogia)
- thatiisr0
- 17 de abr. de 2014
- 7 min de leitura
Olá! Hoje é dia de "Divergente" no cinema e de "PAPO DE ESTANTE" aqui no blog. Para quem ainda não sabe do que se trata o PAPO DE ESTANTE, dá uma olhadinha na seção com esse mesmo nome.
O meu querido amigo Marcos Gonçalves é o convidado estreante do blog. E não podia ser diferente, né? Confiram o post dele e logo vocês vão saber. Deliciem-se com as palavras e opiniões dele tanto quanto eu. E deixem seus comentários, dizendo o que estão achando do blog, dos posts e tudo mais... É muito importante para mim. Beijos!!
ps.: sei que a publicação pode estar um pouco grande, mas não se esqueçam que estamos falando de uma saga inteira... Três livros maravilhosos!
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Olá pessoal! Sou o Marcos e me sinto um pouco orgulhosamente culpado pela iniciativa da Thati de criar esse blog. Tenho certeza que assim como eu, vocês vão aproveitar cada nova publicação que veremos por aqui, e de certo ficarão curiosos para saber a opinião dela sobre os livros que estamos lendo ou que desejamos ler, porque é isso que acontece comigo.
Quando recebi o convite para ser uma das pessoas para participar desse "papo de estante", não pensei duas vezes em aceitar. Até que a Thati deu a ideia de começarmos falando da série DIVERGENTE e foi aí que me bateu aquele leve nervosismo. Essa é a primeira resenha que eu escrevo e logo de cara falar sobre alguns dos meus livros favoritos... Mas resolvi encarar e cá estou eu.
A trilogia de Divergente se passa em uma nova Chicago, - e como todo bom livro de grande sucesso atualmente, é uma distopia – em um período futurístico de pós-guerra que mostra a sociedade se refazendo ou já adaptada a um novo sistema. Acredito que pelo menos metade das pessoas quando começaram a ler a sinopse desse primeiro livro tiveram a ligeira impressão de que estavam reinventando o sucesso de Jogos Vorazes, e até eu cheguei a pensar isso, mas posso garantir que não é nada do que parece. Divergente tem uma história, a meu ver, um pouco mais além dos JV, não desmerecendo a Suzanne Colins por este incrível feito, porque eu sou extremamente fã desta trilogia, mas Divergente conseguiu de forma mais rude e verdadeira mostrar a realidade daquele lugar. Logo no início somos levados ao mundo de Beatrice Prior e sua cem por cento altruísta abnegação; o que vem depois é um ponto decisivo que vai se levar por boa parte desta trilogia, o teste de aptidão, que é quando todos os jovens que completaram 16 anos nos últimos meses são levados a um auditório, onde - alterados com um soro - passam mentalmente por diversas situações que colocam seu verdadeiro eu a prova. Eis que a nossa querida Beatrice nos mostra pela primeira vez o termo Divergente: cada jovem quando passa por esse teste de aptidão apresenta um resultado sobre sua personalidade que vai definir, a partir de então, sua facção e seu novo estilo de vida. Esse teste ocorre no dia da Cerimônia de Escolha, criado justamente para tentar justificar o motivo da guerra que anteriormente destruiu parte da nação.
"Eles concluíram, no entanto, que a culpa estava na personalidade humana, na inclinação humana para o mal, seja qual for a sua forma. Dividiram-se em facções que procuravam erradicar essas qualidades que acreditavam ser responsáveis pela desordem no mundo.
Os que culpavam a agressividade formaram a Amizade.
Os que culpavam a ignorância se tornaram a Erudição.
Os que culpavam a duplicidade fundaram a Franqueza.
Os que culpavam o egoísmo geraram a Abnegação.
E os que culpavam a covardia se juntaram à Audácia."
O resultado da, até então sem graça, Beatrice Prior é inconclusivo. Ela se encaixa no perfil de três facções e decide, por instinto, qual caminho seguir e se torna a grande e destemida Tris. A partir daí você não consegue mais largar o livro... Com um quê de suspense, ação e mais ação, e uma dose de um bom romance, Veronica Roth não poderia ter descrito o Quatro e o romance do casal de forma mais cativante. O livro consegue se manter no mesmo ritmo por todo o tempo e nos agracia com um final de tirar o fôlego... De te deixar com a sensação de que as 500 páginas que você acabou de ler não valeram de nada para desvendar a história, pois todas as dúvidas, conflitos e aflições voltam ainda mais fortes em INSURGENTE.
E então, o balde de água fria... Bom, existe um mito que corre pelos blogs literários por aí, que é a tal da maldição do segundo livro. Que é quando o primeiro livro de uma saga é muito bom, te deixa pensando por vários dias naquela história, e quando vem o segundo, não é como o esperado. Já esbarrei nessa maldição em algumas grandes sagas, e Insurgente infelizmente me trouxe isso de volta. A nossa ex-Beatrice sem graça e atual Tris cujo sobrenome era Ação Adrenalina, se torna uma pessoa totalmente diferente, se lamentando pelos acontecimentos do final do último livro. Seu desejo de encarar o medo e sentir o perigo a todo tempo cai pra quase 50%, isso sem contar o seu jeito de tratar o Quatro... O que antes era um amor super bonitinho e que me fazia torcer pelo casal, se transformou em um relacionamento de desconfiança, onde tudo é motivo de briga entre eles. Eu já esperava uma Tris diferente, que se afastasse mais do mundo que vivia pra tentar se livrar daquilo, que buscasse a paz se isolando e tudo mais e até concordaria com tudo isso e ficaria satisfeito em ler tais atitudes, o problema todo é que prolongar esse sofrimento e lamentação acabou desacelerando o ritmo com o qual eu já estava acostumado e ansiava. Se por um lado o livro deixa a desejar no quesito ação e adrenalina, por outro ele traz grandes histórias que ajudam o entendimento geral. Em Insurgente a autora nos coloca frente a frente com Tobias/Quatro, descrevendo seu passado e como se tornou o que é. Além disso, somos apresentados a novos grandes e importantes personagens e às facções que antes só eram citadas.
Com o sistema de facções abalado, o livro que já tinha tudo pra engrenar desde a primeira página, demora um pouco pra pegar o ritmo sufocante em comparação ao seu antecessor, mas consegue, e a partir daí, não desaponta. Cheio de revelações, Insurgente é um livro indispensável na saga. O que mais me impressionou, foi como a autora conseguiu passar a insegurança da Tris para mim, como se eu – e não ela! - estivesse vivendo aquele mundo, sendo um dos personagens e não sabendo ao certo em quem confiar, como agir e pensar. Outro grande ponto alto do livro é a apresentação dos Sem Facção que antes, assim como a Amizade e a Erudição, eram só citados, mas que ganham o destaque necessário pra dar um novo rumo à história. O momento, de certa forma mais revoltante, fica com Caleb e sua mais nova surpresa. Como se o dia da Cerimônia não tivesse sido o bastante, o cérebro da família Prior se junta com Jeanine, e depois disso, Caleb passa a fazer parte do grupo seleto de personagens de Divergente que eu mataria com o soro da morte. E digamos que Insurgente começou meio morno, mas nos proporcionou um final grandioso assim como Divergente. Provavelmente muitos não vão concordar com o que foi dito em relação a esse segundo livro, mas convenhamos que no quesito ação, este foi, dos três, o mais diferente.
Até que vem CONVERGENTE para me deixar extremamente maluco! Juro a vocês que cheguei a sonhar com algumas partes desse livro e até hoje quando o vejo na minha estante tenho vontade de bater palmas de pé para a Veronica por este grandioso trabalho que quase chega à perfeição.
Comecei a ler Convergente um pouco desanimado com o tanto de spoiler que já tinha lido acidentalmente por aí. E tais spoilers revelavam informações que eu preferia ter lido por conta própria, como se nunca tivesse esperado por aquilo, mas nem mesmo quem gosta de soltar spoiler e acabar com o suspense das tramas conseguiu fazer um bom trabalho em Convergente, justamente porque nesse livro, são novos acontecimentos A TODO TEMPO, e não é exagero, é coisa nova a cada virada de página. Fiquei extremamente perdido nesse livro e por mais que em determinados momentos me sentisse assim, eu adorava sentir isso, porque era uma forma de entender como Tobias, Tris, Peter, Caleb, Christina e os demais estavam se comportando àquela enxurrada de novas informações. Digamos que tudo que vimos nascer em Divergente e Insurgente é descontruído novamente em Convergente. Provavelmente quem nunca leu deve estar pensando: "nossa, que confuso, vai ser uma leitura complicada demais", porém não é, o que tenho a dizer a quem não leu é: LEIA COM URGÊNCIA. Uma grande história que não poderia ter um desfecho melhor, Convergente é escrito com a visão já conhecida da Tris, e agora também com a visão do Tobias, o que garante ao leitor maior domínio e entendimento de cada ponto de vista. Sou apaixonado por livros onde existe mais de um ponto de vista para ser analisado, parece que assim desfrutamos mais da história e não somos injustos com nenhum personagem na hora de ficar do lado de um ou de outro. Veronica não nos poupou de nada na escrita de Convergente, pelo contrário, somos colocados ainda mais de cara com a verdade e com as mortes, que não são poucas nesse livro. Então se você faz parte do grupo que ainda não leu, prepare-se e aguente firme até o final.
O amadurecimento dos personagens é visível nessa nova fase da saga. É como se tudo recomeçasse no último livro e você fica se perguntando: "Jura que esse tem que ser o último livro?". Mas não esperem um entendimento total depois de finalizarem a leitura... Já adianto, você não vai conseguir. Você terá, certamente, a sensação de que deixou alguma informação passar e de que precisa ler de novo pra entender se foi isso mesmo que aconteceu, e talvez essa seja uma das minhas poucas decepções com o livro: esperava e entendia todo o experimento como algo tão grandioso que não acreditei que pudesse ter um fim tão fácil quanto foi. Vi os Divergentes, em especial, passando por coisas tão piores que não consegui até hoje entender como foi tão fácil cortar o mal pela raiz.
Como conclusão: a trilogia de Divergente valeu a pena da primeira página até a última; uma leitura válida e grandiosa a todos os fãs de distopias, e aos não-fãs desse gênero também. Declaro, nesta resenha, meu amor incondicional a Convergente, ao extremo talento da Veronica e sua técnica ousada de escrever.
"Existem tantas maneiras de ser corajoso neste mundo. Às vezes, coragem significa abrir mão da sua vida por algo maior do que você ou por outra pessoa. Às vezes, significa abrir mão de tudo o que você conhece, ou de todos os que você jamais amou, por algo maior. Mas às vezes, não. Às vezes significa apenas encarar sua dor e o trabalho árduo do dia a dia e caminhar devagar em direção a uma vida melhor. Esse é o tipo de coragem que preciso ter agora."
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