Adeus, Gabo!
- thatiisr0
- 20 de abr de 2014
- 3 min de leitura
Teste de paciência... Fiz um post enorme para cá, salvei nos rascunhos (e não passei para o word, como sempre faço) e resultado: ele sumiu! Sim, estou respirando fundo para escrever tudo de novo sem ter um ataque. Vamos lá...
No dia 17/04/2014 perdemos o genial escritor e jornalista Gabriel García Márquez, de 87 anos, ganhador de diversos prêmios importantes, entre eles, o Prêmio Nobel de Literatura.
A minha história com Gabriel começa através de um grande amigo, Renato Ribone. Eu sempre ouvi o Renato falando da sua paixão pelas obras do Gabriel e cheguei a ler uns trechos e aqui e acolá, mas só fui ler um livro do autor depois de um dia inusitado. Foi mais ou menos assim...
Eu precisava montar um monólogo para a faculdade (de artes cênicas!) e não encontrava nenhum texto bom. Renato, que é o tipo de amigo sempre disposto a ajudar, sugeriu que trabalhássemos com trechos da obra "A Revoada (O enterro do diabo)".
"Continuei almoçando, mas a olhava por cima dos candelabros. Ela deixou de dar sopa a Isabel. DIsse: (...) - Estou segura de que ele não apenas se parece, mas é a mesma pessoa com quem se parece. Estou segura, ou melhor dizendo, que é um militar. (...) Usa botas compridas e estou segura de que não é a pessoa com quem se parece, mas própria pessoa com quem se parece.
(...)
- A princípio não pude ver seu rosto porque ele estava dando voltas no escritório. Mas depois, quando lhe disse tenha a bondade de entrar, ele ficou quieto, encostado à parede, com a bailarina na mão. Então foi que me lembrei com quem ele se parecia e vim te avisar. Tem os olhos enormes e indiscretos e quando lhe dei as costas para sair, senti que ele estava olhando diretamente para as minhas pernas."
Passamos um dia inteiro envoltos pelas suas palavras. E cada vez que relíamos o texto, descobríamos algo novo. A curiosidade foi grande e resolvi, finalmente, ler todo o livro. Não poderia ter feito melhor escolha.
Logo depois, coincidentemente - ou não - o meu (naquele momento) professor de interpretação decidiu que montaríamos uma das obras de Gabriel García Márquez, mais precisamente "Crônica de uma morte anunciada". E foi aí que a minha paixão só aumentou! Na história, a morte de Santiago Nasar é dada como certa desde as primeiras páginas, mas a genialidade está no modo como ele nos conta. O livro tem uma escrita suave, mas que ao mesmo tempo é de tirar o fôlego.
"No dia em que o matariam, a mãe pensou que ele se enganara de dia quando o viu vestido de branco. "Lembrei-lhe que era segunda-feira", disse-me.
(...)
Meu pai, que ouvira tudo da cama, apareceu de pijama na sala de jantar e lhe perguntou assustado aonda ia.
- Prevenir minha comadre Plácida - respondeu ela. - Não é justo que todo mundo saiba que vão matar o seu filho, e seja ela a única que não sabe.
- Temos tantos vinculos com ela como com os Vicário - disse meu pai.
- A gente deve estar sempre do lado do morto - disse ela.
(...)
- Não se incomode, Luísa Santiaga - gritou-lhe ao passar. - Já o mataram."
A próxima obra de Gabriel García Márquez que já está na minha lista é "Cem anos de solidão", a obra mais elogiada e famosa do autor.
Nessas horas sei que há não muito que possamos dizer. Mas eu espero que, esteja onde estiver, esse gênio da literatura possa descansar - merecidamente - em paz.
"A idade não é o que temos, mas a que sentimos."
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