"Estilhaça-me", de Tahereh Mafi
- thatiisr0
- 29 de abr. de 2014
- 4 min de leitura
Título: Estilhaça-me
Título Original: Shatter Me
Autora: Tahereh Mafi
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788563219909
Gênero: Ficção
N° de páginas: 304
Como começar a falar da sua distopia preferida? Difícil, não é? Mas vamos lá... Enquanto não termino a leitura de “O lado mais sombrio”, venho falar de uma das minhas sagas (talvez A SAGA) preferidas. Li por aí diversos comentários negativos acerca da escrita da Tahereh, e dou apenas um conselho: não se deixem levar pelas primeiras impressões. Tahereh Mafi tem uma escrita fluida, inteligente e sensacional. O começo do livro é meio monótono, mas como não seria? A história, narrada por Juliette, começa com a descrição de mais um monótono dia da jovem em uma cela isolada. Como esperar de uma adolescente que está isolada do mundo há 264 dias, pensamentos coerentes e lúcidos? Juliette, em minha opinião, está até bastante lúcida. Eu mesma já teria surtado.
Juliette nunca foi uma menina normal. Desde pequena feria os que estavam a sua volta com um único toque. Letal. Vista como uma aberração pelos próprios pais, Juliette é jogada em uma cela após um incidente com uma criança a quem tentava ajudar. Depois de 264 dias vivendo sozinha e em condições precárias, Juliette recebe um novo companheiro de cela: Adam. A princípio ela não o reconhece, ou não quer reconhecê-lo.
“Eles me trancaram com um garoto. Um garoto.
Deus!
Eles estão tentando me matar.
Eles fizeram isso de propósito.”
OBS.: Por limitações do editor das postagens, as frases que são, originalmente, riscadas no meio, aparecerão sublinhadas.
“Bonitas imagens desbotadas pela idade, pensamentos congelados pairando precariamente no espaço morto, um redemoinho de memórias que me cortam a alma.
Ele me faz lembrar de alguém que eu conhecia.
Uma respiração profunda e o choque me devolve à realidade.
Sem mais sonhar acordada.”
“Sinto alguma coisa socar meu estômago.
Seus olhos. Alguma coisa em seus olhos.
Não é ele não é ele não é ele não é ele não é ele.
(...)
- O que você está escrevendo? – O companheiro de cela fala novamente.
Estas palavras são vômitos.
Esta caneta trêmula é meu esôfago.
Esta folha de papel é minha tigela de porcelana.
- Por que você não me responde? – ele está perto demais perto demais perto demais.
Ninguém jamais está perto o bastante.”
A escrita da Tahereh Mafi é assim mesmo: peculiar, confusa, única. Suas frases são curtas. Suas repetições não são separadas por vírgulas. Os pensamentos que Juliette tenta reprimir aparecem riscados. No começo você estranha, é verdade, e se não estiver aberto a novidades, você abandona a leitura. Não foi o meu caso. Toda essa peculiaridade da Tahereh só me fez querer decifrá-la mais e mais.
A história criada pela autora é sensacional. Enquanto Juliette está trancafiada em uma cela escura, o mundo lá fora está sofrendo constantes mudanças. Nada é como costumava ser. Juliette e Adam, antes de darem vida aos seus sentimentos românticos, precisam criar um vínculo de confiança. Esse vínculo é criado, só para em seguida ser posto a prova. Quando eles conseguem “fugir”, novos personagens surgem.
Warner, o único vilão por quem já me apaixonei (e com quem gostaria de ter um caso! Desculpa, amor!). Kenji, o fiel e divertido amigo do Adam, que tem ótimas tiradas. E James, o irmão fofo e carismático do Adam. Não vou dar muitos detalhes sobre a história, mas acreditem tudo é muito mais profundo do que parece.
“O que você quer de mim? – entro em pânico.
- Que pergunta idiota, Juliette.
O som suave de metal deslizando. Alguém abriu a porta.
Clique.
- Tire suas mãos dela antes que eu enterre uma bala na sua cabeça.”
“- Faça a ligação – diz ele, apertando seu pescoço um pouco mais firme. – Tire-nos daqui agora.
- Só o meu cadáver permitiria que ela saísse por aquela porta. – Warner cospe sangue no chão. – Você, eu mataria por prazer – diz para Adam. – Mas Juliette é a única que quero para sempre.
- Eu não sou seu querer. –Respiro com dificuldade. Estou ansiosa por sair daqui. Estou com raiva por ele não parar de falar, porém, por mais que eu adorasse quebrar sua cara, ele não nos seria útil inconsciente.
- Você poderia me amar, você sabe. – Ele sorri estranhamente – Ninguém poderia nos deter. Mudaríamos o mundo. Eu poderia fazê-la feliz – diz ele para mim.”
O mundo externo criado por Tahereh, embora não seja muito detalhado nesse primeiro livro, é muito rico e traz mais detalhes conforme a história se segue. Após a fuga, a surpresa acontece quando Juliette e Adam se juntam a um movimento chamado Ponto Ômega, liderado pelo forte e cativante Castle.
Eu poderia contar a história inteira para vocês (com todo prazer, eu juro), mas perderia a graça. Cada conflito – interno ou interpessoal - , as dúvidas em relação ao mundo que lhes é oferecido, a dualidade dos personagens... Tudo nesse livro é absolutamente cativante. Deem-me um voto de confiança e leiam o livro, prometo que vocês não se arrependerão.
Não existe muita explicação do por que o toque de Juliette é letal. Mas o segundo livro da saga é um pouco mais explicativo em relação a isso. E, na verdade, acho que a intenção da Tahereh não é dar explicações. Ela expõe um mundo totalmente novo e devastado e nos apresenta pessoas à altura desse cenário. Insisto em dizer que algumas coisas não precisam ser entendidas, apenas sentidas. E “Estilhaça-me” é um livro que me faz sentir um furacão de emoções.
Ps1.: Eu acho a capa original muito mais bonita (foto do canto inferior direito)... Talvez, se ela tivesse sido mantida, chamaria mais a atenção. O que vocês acham?
Ps2.: Nos próximos posts falarei do spin-off "Destrua-me" e da continuação, "Liberta-me".
Comments