PAPO DE ESTANTE COM BRUNO LIMA, O JARDIM DOS ESQUECIDOS
- thatiisr0
- 11 de set. de 2014
- 4 min de leitura
Título: A Saga Dos Forxworth - O Jardim dos Esquecidos
Título Original: The Dollanganger Series - Flowers In The Attic
Autora: Virginia C. Andrews
Editora: Francisco Alves
ISBN: 8526502557
Ano: 1982
Gênero: Drama
O convidado de hoje é ninguém mais, ninguém menos, que o melhor amigo de todos os tempos: Bruno Lima <3 Fico realmente muito feliz de tê-lo aqui na seção, pois apesar da distância, eu e ele sempre compartilhamos e apoiamos os projetos um do outro. Fiquei radiante quando ele aceitou o convite... E ele resolveu resenhar um clássico do qual poucos ouviram falar. Então, vem conferir a opinião dele sobre a obra!
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Provavelmente você nunca ouviu falar dA Saga dos Foxworth. Pois então, eu também não tinha o menor conhecimento da existência desses livros. O meu primeiro contato com a saga foi através da HBO. Eu estava zapeando pela TV quando, na metade do filme, eu decidi assistir aonde a infelicidade daquelas crianças louras iria chegar. Logo ao terminar o filme, eu comecei a pesquisar sobre os livros, a autora, o filme e seu remake exibido pelo canal. A partir de então, A Saga dos Foxworth foi um daqueles achados que você se encontra fissurado para saber o final. O primeiro livro (de cinco, e o único que eu li até o momento) da saga é o Jardim dos Esquecidos (também conhecido como Flores no Sótão), o que também deu origem ao filme e o qual segue abaixo uma pequena resenha.
"É muito adequado colorir a esperança de amarelo, como o sol que tão pouco vemos."
Os Dollanganger eram uma família feliz formada por quatro crianças: Christopher (Chris), Catherine (Cathy), Cory e Carrie. Todos louros, bonitos, de olhos claros, com uma casa grande e rodeados de privilégios. Após um acidente que resulta no falecimento do pai, os Dollanganger se vêem sem recursos financeiros e acabam sendo levados pela mãe para morar em uma mansão onde moram os misteriosos avós (desconhecidos até então).
"Dez: vocês jamais manusearão ou brincarão com as partes íntimas de seus corpos; nem olharão para elas através de espelhos; nem pensarão nelas, mesmo quando as estiverem lavando."
Trancados em um quarto, sem o direito de sair, as crianças encontram uma forma de passar os seus dias – e até anos – e escapar de sua dura realidade em um sótão. Maltratados pela avó, que justifica todas as suas ações com a palavra divina, os agora Foxworth – você descobrirá o porque – se encontram em momentos de tensão, dúvidas existenciais, problemas adolescentes e principalmente questões religiosas que os levam a questionar o que é certo e o que é errado.
"… para mim é penoso escrever cada palavra, porquanto as escrevo com
lágrimas, sangue amargo, bile azeda, misturados com vergonha e remorso."
Narrado pela personagem Cathy, a escrita da autora é muitas vezes angustiante e pesada. É impossível não se sensibilizar ou sentir o fardo carregado por aquelas crianças, tão jovens e até então amadas, transformando-se em pequenos adultos lutando contra sua própria identidade criada a partir de seu sofrimento.
"E é impossível viver sem dinheiro. Não é o amor que faz o mundo girar, é o dinheiro."
Também muito questionado durante todo o livro é o amor, o amor que se transforma em paixão, em dúvida, em sentimento carnal e pecaminoso, o amor que se deixa levar pelo poder e a ganância. Poderia o amor mais puro ser substituído pelo dinheiro? Pela luxúria? Essas são questões que você irá se fazer podendo encontrar algumas respostas ao longo do livro, ou não.
"Naquela noite, eu já não acreditava que Deus fosse o juiz perfeito. Portanto, sob certo aspecto, naquela noite eu também perdi Deus."
Tratando-se de um livro escrito há mais de 30 anos, o que é pecado ou não tem como norteador a Bíblia. Com toda a confusão e maldade retratada, em vários momentos é possível enxergar delicadeza e quem sabe, um formato um pouco ingênuo nas atitudes das crianças Foxworth. Afinal, eles estão trancados em um sótão, perdendo sua infância e o contato com outros de sua idade, lutando contra o que se perde a todo tempo sem a convivência com outras pessoas além da mãe e da avó, se agarrando em sua fé e esperança.
"Às vezes, quando representamos um papel, assumimos o caráter do personagem."
Julgando por valor, a citação acima resume para mim o que é o primeiro livro da saga. Para tentar entender o que se passa na cabeça de cada Foxworth é preciso se despir de preconceitos, ver o outro lado da moeda, assumir o caráter do personagem. Cada personagem está lidando com questões pessoais sob grande pressão e eu poderia arriscar que, se você não se permitir enxergar pelos olhos de cada um, você se sentirá frustrado e talvez se sentirá barrado em alguns momentos durante a leitura.
Para aqueles que buscam uma leitura desagradável e sem vida, com conflitos da mente humana, mas que ainda acreditam em um final feliz para a desventura de 4 (?) crianças, a mansão dos Foxworth está de portas abertas.
Confira o trailer da adaptação cinematográfica:

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