A POLÊMICA DOS GHOST WRITERS POR TRÁS DAS CELEBRIDADES E SUAS OBRAS
- thatiisr0
- 16 de dez. de 2014
- 4 min de leitura
Resolvi trazer uma pauta diferente para o blog depois de toda a polêmica envolvendo a blogueira Zoella. Para quem ainda não ouviu falar do caso, aqui vai uma breve explicação. A inglesa Zoe Sugg, mais conhecida como Zoella, tem 24 anos e é uma celebridade na internet. Ela é dona de um vlog sobre moda e beleza. Em novembro desse ano publicou seu primeiro livro, intitulado "Girl Online". Logo na primeira semana, o livro quebrou o recorde de maior venda no país e desbancou ninguém mais, ninguém menos que: JK Rowling. Aí você pensa: "Nossa, a menina deve ser um gênio da literatura ou algo assim!" e eis que vem O PORÉM.
O livro que será lançado no Brasil em 2015 pela editora Verus não foi, de fato, escrito pela blogueira. Não demorou muito para que ela assumisse o uso de ghost writers por trás do sucesso de Girl Online. Logo em seguida, a vlogueira começou a ser bombardeada na rede e não demorou muito para que ela se afastasse da mesma.
Eu, particularmente, andei pensando muito sobre o tema e cheguei apenas à uma conclusão: Complicado, não? É claro que isso é uma jogada de marketing bastante lucrativa para a editora e também para a Zoe. No entanto, eu não acho toda essa situação muito honesta para com os fãs. Acho injusta com o ghost-writer (que nesse caso, é o premiado autor Siobhan Curran), que não está recebendo o devido reconhecimento. E acho ainda mais injusta com os outros escritores, que ao contrário da Zoe estão se dedicando com afinco para essa profissão. E vocês, o que acham de toda essa polêmica?
Eu convidei algumas blogueiras e escritoras para opinarem sobre o tema.
Conheçam as autoras e blogueiras convidadas!

Teca Machado é uma devoradora de livros e filmes desde 1988. Alguém que compra livros pela capa, chora até com propaganda de margarina, é apaixonada por trailers, tem gostos mais adolescentes do que meninas de 14 anos, sonha com dinossauros e com o Bon Jovi e é otimista a ponto de ter certeza que vai trabalhar em tempo integral como escritora. Blogueira do Casos Acasos e Livros e autora do chick lit I Love New York.
Raquel Machado é formada em Ciência da Computação, e participa do mundo das artes desde criança, sendo a literatura uma de suas maiores paixões.
Há anos em meio à blogosfera literária e com histórias sendo escritas em rascunhos, decidiu tirar do baú suas ideias e compartilhar com o mundo.
A autora reside no sul do Brasil, na cidade de Caxias do Sul/RS. Mora com os pais, quatro cachorros e uma estante cheia de livros.
No seu caso o que veio antes: a escritora ou a blogueira? Raquel: A escritora, com certeza. Na época em que comecei a escrever nem sei se existiam blogs, e se existiam com certeza eram poucos. A escrita nasceu comigo e faço isso desde que me conheço por gente, uma das histórias mais antigas que tenho guardada até hoje escrevi quando tinha 10 anos. Entrei no mundo dos blogs na minha adolescência e já tive alguns tipos diferentes de blogs: blog pessoal, blog de jogos, blog de selinhos brilhantes e hoje em dia tenho o meu blog voltado à literatura, onde coloco as resenhas dos livros que leio e filmes que assisto. Teca: Ser blogueira veio antes, mas a vontade de escrever era bem mais antiga do que isso. Sempre quis escrever, mas não tinha tido a ideia de um enredo ainda. O blog surgiu meio por acaso. Num sábado de 2012 quando eu estava triste porque trabalhava em um emprego que tolhia minha criatividade, comecei a escrever como uma válvula de escape. O blog em pouco tempo alcançou bastantes acessos e eu pensei “ei, tem gente interessada no que eu falo”. A partir daí, menos de um mês depois de criar o blog, tive a ideia do comecinho do meu livro I Love New York e comecei a escrever loucamente.
Você acredita que uma função interfere na outra? De que forma? Raquel: Na verdade acredito que uma função complementa a outra, porque ao blogar de certa forma estamos exercendo nossa escrita e criatividade, além de claro, estarmos sempre ligadas no universo da literatura. A única coisa que realmente me falta (e provavelmente para muitas pessoas) é o tempo para dedicar a cada uma dessas atividades. Teca: Acredito que sim. É tendo feedback do que escrevo no blog que vejo o que pode ou não agradar os leitores, por mais que o assunto não seja precisamente o mesmo. E é lá que vou “treinando” o meu estilo. Fora que as pessoas me dão a ideia e sugestão de novos livros, personagens e até títulos.
Qual é a sua opinião sobre a polêmica dos ghost writers (escritores fantasmas, na tradução literal) por trás de blogueiros (as) famosos (as)? Raquel: Na realidade não conhecia muito esse assunto, já tinha ouvido falar, mas não sabia direito o que era, assim fui pesquisar é claro antes de dar minha opinião. Olha pelo que eu li e vi esses escritores na maior parte do tempo escrevem biografia de pessoas que não conseguem se expressar bem, isso acho interessante. Se isso for aplicado a blogueiros que querem divulgar seu trabalho e também não conseguem se expressar corretamente não tenho nada contra. Acredito que cada um sabe o que é melhor para si. A única coisa que ressalto é o direito as ideias e palavras de cada um, se a pessoa estiver de comum acordo não vejo mal, porém se for algo indevido não é legal. Eu particularmente nunca usaria um serviço como esse, pois no final das contas adoro escrever com minhas próprias palavras as histórias, o que às vezes até gera algumas discussões nas revisões, afinal essa é minha identidade é e assim que serei conhecida. Teca: Não concordo com ghost-writers no sentido que eu, como leitora, me sinto enganada quando descubro. E não concordo como escritora porque sei o trabalho que é escrever uma obra com coerência, interessante e com todas as amarras no lugar. Por mais que o ghost-writer tenha concordado e esteja ganhando muito por isso, vejo como um rebaixamento do seu trabalho. Uma coisa são pseudônimos, outra totalmente diferente são ghost-writers.
O tema é bastante polêmico, não acham? Vocês têm alguma opinião a respeito? E quanto ás blogueiras brasileiras, vocês acham que alguma delas também utilizam esse serviço para suas obras? Eu tenho lá minhas dúvidas em relação a algumas, mas vai saber, né? Espero que tenham gostado do post e até a próxima!

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