[RESENHA] PAPEL, CANETA E AÇÃO - AIMEE OLIVEIRA, CLARA SAVELLI E THATI MACHADO
- Larissa Pez
- 26 de jan. de 2015
- 4 min de leitura

Olá, leitores do NTC! Já estamos no fim do mês, mas meu ano novo começou agora. Papai Noel me deixou um Vade Mecum de presente - que significa grande bíblia do advogado, em latim - e estou aguardando os fogos de artifício em fevereiro, quando sai oficialmente o resultado da OAB (YAY!). Então, enquanto me situo nessa fase de estudante quase formada que ainda não decidiu o que fazer da vida, resolvi colocar meus vícios em dia e aparecer aqui no blog. Constando em ata: Lari, a nova colaboradora.
A essa altura vocês já devem estar familiarizados com Papel, Caneta e Ação, esse projeto incrível da Thati com as escritoras Aimée Oliveira (Pela Janeira Indiscreta) e Clara Savelli (Mocassins e All Stars). Aparentemente as três, como suas personagens, acabaram se esbarrando por aí e decidindo unir talentos. O resultado veio na forma de contos bem articulados e merece liderar a pauta de resenhas da semana.
Num papel passado, Aimée dá vida a Cinderela. Uma jovem artista mal compreendida que não acredita em contos de fadas. Quem pode culpa-la? Nenhuma magia acontece fora de seus desenhos e a única visita inesperada em seus momentos de desespero é a realidade cobrando o aluguel. Mas tudo bem, porque existe internet. E é nesse ambiente virtual que sua arte se torna rentável, com a ilustração da capa de um livro que promete fazer sucesso e uma proposta de emprego que está prestes a mudar sua vida.
“Mas justo quando eu queria que o engarrafamento durasse um pouco mais, o carro começou a andar. Um clássico da minha vida.”
Aimée tem um estilo de escrita que flui como um pensamento sem filtro – o que pode confundir o leitor em um primeiro momento, acostumado com a linearidade, mas torna a narrativa tão dinâmica que você se sente tomando um café com a personagem, enquanto é absorvido por sua história. E a história é deliciosa! Me sinto um pouco suspeita, porque Cindy é minha biografia não autorizada e, pelo amor de Deus, Thomas Felton estragou por completo minhas chances de ter um romance real (fãs de Zac entenderão).
Caneta na mão, problemas no coração (ou algo assim, mas menos brega) é a parte de Lucy, autora do livro que prometia fazer sucesso (e fez!). Nem em seus melhores sonhos essa garota sonhadora pensou que estaria na lista dos mais vendidos, com uma legião de fãs histéricos e a adaptação de um filme nas mãos. É claro que ela aproveita a oportunidade para participar das gravações, conhecer celebridades e enlouquecer o diretor, com quem acaba tendo uma relação... interessante.
“- Lucy! – ele está dizendo, estou tendo problemas para escrever e prestar atenção – Que porcariada toda é essa em volta da minha cadeira?”
Interessante mesmo é como Clara Savelli mergulhou na indústria cinematográfica na perspectiva de uma pessoa (não tão) normal. Lucy é alegre e efusiva, espécie praticamente em extinção. Parece que alguém apertou o botão forwad (>>) e a coisa toda se desenrolou em velocidade x20 – ou isso só aconteceu na minha cabeça. A questão é que ela rendeu as cenas mais engraçadas, sobretudo em sua agenda-caderno-diário-sei-lá, escrita ao tempo real dos acontecimentos. Gostaria que Nathaniel tivesse a mesma ideia e reproduzisse seus pensamentos para afastar de vez qualquer suspeita de bipolaridade.
Finalmente, ação! encerra com Ana Luna, atriz em início de carreira, escalada para o papel principal na adaptação do livro de Lucy para o cinema. Uma reviravolta dramática na vida financeira da mexicana mais branca e desengonçada de NY, que até então só contava com seus pés como meio de transporte. Agora ela enche a despensa, recebe brindes promocionais de suas marcas favoritas e dá autógrafos. Mas Hollywood cobra seu preço de maneiras inesperadas.
“- E que protagonista seria essa, exatamente? – eu quis saber. Mentalmente eu repetia o mantra dos últimos meses “não seja pornô, não seja pornô, não seja pornô."”
É o último e mais curtinho dos contos. Talvez por isso tenha ficado com a sensação de que poderia ter se desenvolvido mais. Thati tem esse estilo narrativo, com poucos diálogos e uma proposta ousada que foge dos dramas usuais. Quem acompanha seu trabalho já deve ter percebido a naturalidade com que esses temas são incorporados, quebrando alguns estereótipos que já estão saturados. É o caso de Ethan, o novo queridinho da América, que poderia ter sido um pé no saco. E Ana Luna, que permite misturar as palavras mexicana, atriz e antissocial na mesma frase. E Ariana, que é uma ruiva linda. Não, espera! Ruivas lindas é um estereótipo que nunca ficará saturado! Rsrs (Ralei pra não soltar spoiler, viu?)
Essa foi uma parceria que deu muito certo. Entre tiradas inteligentes e momentos refrescantes, as autoras conseguiram amarrar uma trama sólida e divertida, com um epílogo digno de Cecily von Ziegesar. Quem, assim como eu, não as conhecia por seus trabalhos individuais, terminará a leitura correndo até as livrarias para garantir um exemplar. Eu certamente já quero os meus!

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