VIAJANDO COM RESTRIÇÕES ALIMENTARES (parte 1)
- Thati Machado
- 4 de dez. de 2015
- 5 min de leitura

Créditos da imagem: Revista Tititi
Bom dia! No post de hoje, falarei um pouco de como é viver com restrições alimentares, principalmente quando o assunto é viagem. Normalmente, já encontramos uma série de dificuldades, mas em um lugar completamente novo, as coisas podem se complicar ainda mais. Vou compartilhar um pouquinho da minha experiência com vocês, compartilhar algumas dicas e espero ajudar!
Minhas restrições
Quando se tem uma restrição apenas, ao glúten, por exemplo, pode ser mais fácil conseguir se virar. Eu, no entanto, tenho síndrome do intestino irritável e, para me sentir melhor, cortei da minha dieta: lactose, conservantes, manitol, maltitol e sorbitol. Isso significa que eu, basicamente, não posso comer nada industrilizado ou que passe por máquinas onde outros alimentos com esses ingredientes são preparados. Resumindo: quanto mais natural, melhor.
Sempre que resolvo experimentar um novo alimento, corro o risco de não me sentir bem. Isso porque a síndrome é algo bem inconstante. Às vezes passo mal pelo simples fato de estar calor, mesmo que não tenha comido nada de diferente. Mas, apesar das dificuldades, a gente vai se adaptando e encontrando um jeito de driblar a dificuldade, não é mesmo?
Viagens internacionais
Recentemente, realizei minha primeira viagem internacional desde a descoberta da doença. Fiquei abismada com a falta de informação para me assegurar uma viagem tranquila e confortável. Meu drama começou quando contatei as companhias aéreas. Todas possuem um cardápio especial para alérgicos, mas, como eu disse, se você possuir mais de uma alergia, as coisas podem se complicar para você. Ofereceram-me comida sem lactose, mas companhia nenhuma tinha opção sem conservantes. Nem mesmo as frutas eu poderia comer, já que elas são compradas de uma empresa terceirizadas e já vêm no potinho. Em casa, quando cortamos uma maçã, por exemplo, leva menos de um dia para ela ficar escura. Então, imagine a quantidade de conservantes que deve existir nessas frutinhas para que elas continuem clarinhas e lindas mesmo depois de dias, talvez até semanas.
Dentro desse contexto, achei a solução ideial para mim: transportar minha comida dentro do avião. O problema se apresentou quando ninguém, nem da companha, nem dos aeroportos, nem da Infraero, nem de lugar nenhum, sabia me dizer se eu poderia, de fato, transportar a minha comida. Além da comida que eu levaria comigo dentro do avião, também fiz uma mala só de alimentos para ser despachada... E, novamente, ninguém sabia dizer se aquilo era permitido ou não. Resolvi arriscar e pensei: "seja o que Deus quiser".
Ainda aqui no Brasil, segui o conselho da Raffa Fustagno, do blog A Menina que Comprava Livros, e pedi a minha médica um documento que explicasse todo o meu problema. Em seguida, entrei em contato com uma empresa de tradutores juramentados (Litero Traduções) e pedi que o documento fosse traduzido para o espanhol e inglês, língua dos países para os quais eu iria viajar. Mesmo sendo fluente em espanhol, foi preciso contratar um profissional, pois além dele reconhecer a tradução no cartório, ele possui legitimidade para dizer que aquele documento é verdadeiro e deve, portanto, ser reconhecido.
Feito isto, tratei de entrar no site do consulado americano para marcar "outros serviços". Fui até lá no dia e horários agendados. Esperei mais ou menos 45 minutos e precisei pagar 50 dólares pelo carimbo que faria o meu documento ser válido lá nos states. Não fiz o mesmo com o consulado mexicano, pois ninguém sabia me informar se era preciso ou não. Por sorte, não foi.
Aeroporto, avião e chegada no México
Na minha mochila, que não seria despachada, eu carregava, além dos aperitivos como biscoitinhos e chocolate, arroz, bata palha e frango. Fiquei com medo de ser parada na entrada, quando passamos pelo scanner, mas nada aconteceu. Entrei na sala de embarque e, posteriormente no avião, sem que ninguém questionassse absolutamente nada. Pude, portanto, chegar bem tranquila (e alimentada) no México. Obs.: Isso, obviamente, não se deve aos funcionários da Aeroméxico, Tam e Delta, onde, por telefone, uma funcionária alegou que não poderia fazer nada e a outra disse que eu poderia beber água durante o voo.
Passado o primeiro sufoco, desembarcamos no México. Eu estava trentando entrar no país com uma mala cheia de biscoitos, aperitivos, chocolates, arroz, tapioca... E outras coisas para me manter alimentada pelos próximos 22 dias, caso não encontrasse nada nos países de destino. A mala não passou direto e foi parada. Um professional do Aeroporto Internacional do México abriu a bagagem e eu lhe expliquei o motivo de estar transportando todas aquelas comidas. Entreguei-lhe o documento traduzido e ele ponderou sobre como poderíamos prosseguir. Todos os alimentos foram liberados, exceto o arroz, pois o México não permite a entrada de grãos no país. Eles me ofereceram a opção de deixar o arroz no aeroporto, onde eu poderia buscá-lo dentro de sete dias. Acabei não buscando, pois o meu próximo destino seria Orlando e fiquei com medo de ser parada só por causa de um saquinho de arroz.
México
Já no país das minhas novelas favoritas, as coisas até que não foram tão complicadas. Eu me hospedei em um flat que possuía uma cozinha compacta. Em qualquer viagem, alugar um cantinho com cozinha é sempre minha prioridade. Eu e a Carol fomos ao mercado e compramos arroz, macarrão, carne, óleo, sal, frutas e até achamos alguns biscoitos e balas que eu poderia comer. Por lá, existem diversas barraquinhas nas ruas, então foi fácil comprar suco da fruta, feito na hora. Além de batata frita, também cortada e preparada na hora.
Chegada nos Estados Unidos + Hotéis
Chegamos em Orlando e nem acreditamos que não estávamos sendo paradas. Para nada, se vocês querem saber. Entramos no país com todos os alimentos que eu havia trazido do Brasil. Estávamos hospedadas em um dos hoteís da Disney, então seguimos para lá com o Magical Express. Nossa primeira parada foi em um Walmart, onde compramos um fogão de uma boca. Ele me quebrou não só um galho, mas uma árvore inteira.

Com a comida que também compramos por lá, pude me preparar muito bem para os primeiros dias de parque. Além disso, vale enfatizar que o hotel estava mais do que preparado para me receber. Na minha primeira noite, expliquei minhas restrições ao chef, que me ofereceu a seguinte opção: frango grelhado com temperos naturais e macarrão com molho de tomate orgânico. Foi-me oferecido também, uma enorme variedade de saladas, mas como não gosto, fiquei com a primeira opção mesmo. Apesar de não haver suco da fruta dentro dos resorts da Disney, pude beber água a vontade na minha mug. O plano de refeições foi absolutamente gratuito para nós, até mesmo para mim, que precisei de uma alimentação diferenciada ao longo da minha estadia.
No hotel da Universal, O Cabana Bay Beach Resort, por exemplo, não tive a mesma sorte. Além de não termos ganhado nenhum plano de refeições, o pessoal da cozinha do hotel disse que não tinha nada para me oferecer. Foi só no último dia, quando toda a minha comida já tinha acabado, que um outro chef me informou que eu poderia ter comido arroz, qualquer carne grelhada, além do milho cozido deles. Imaginem como eu fiquei por descobrir isso apenas no ÚLTIMO dia, sendo que fiquei hospedada por mais de 10. No geral, o pessoal da Universal (tanto nos hotéis quando nos parques) não está preparado para esse tipo de coisa. E, lhe falta um pouco de boa vontade também. Sabe o acolhimento e a receptividade do pessoal da Disney? Pois é, só encontrei oor lá.
Ainda tenho mais dicas e relatos para compartilhar com vocês, mas deixarei para o próximo post, caso contrário, esse aqui ficará GIGANTESCO, rs!

Comentários