[LIVRO + FILME] O ORFANATO DA SENHORITA PEREGRINE PARA CRIANÇAS PECULIARES (UFA!)
- Gabriel Sidney
- 20 de out. de 2016
- 6 min de leitura
Olá leitores do Nem te Conto! Tudo bem com vocês?! Hoje eu vim comentar sobre o livro O Orfanato da Senhorita Peregrine para Crianças Peculiares e também sobre sua adaptação cinematográfica, que estreou na última quinta-feira em todos os cinemas do Brasil. O filme do primeiro livro da série escrita pelo autor americano Ransom Riggs, publicado atualmente pela Leya, em breve será publicado pela Intrínseca, detentora dos direitos das sequências: “Cidade dos Etéreos” e “Biblioteca das Almas” que já foram publicados no Brasil.

A história do primeiro livro é narrada pelo Jacob Portman e somos apresentados a sua história curiosa e misteriosa envolvendo o passado de seu avô. Desde muito pequeno ele contava histórias à Jacob sobre crianças e adolescentes que possuem dons especiais que nenhum humano possui e por isso viviam aos cuidados de uma mulher que os protegia do mundo exterior. Só que os anos se passaram e Jacob viu-se cada vez mais afastados de suas histórias, pois ele achava que não eram reais e sim ficção criada pelo seu avô para alimentar sua mente muito imaginativa quando era menor.
Só que um dia, ele encontra seu avô na floresta atrás da casa dele prestes a morte, mas antes ele diz algumas informações para Jacob memorizar, pois essas palavras escondiam segredos que ele descobriria com o tempo. Jacob, abalado, começa a frequentar uma psicóloga que o ajuda a superar as histórias de seu avô e o laço que tinha com ele, muito mais que com seus próprios pais. Numa tentativa de entender o que seu avô estava dizendo com suas últimas palavras, ele é levado através de pesquisas a uma ilha misteriosa em que o número de habitantes é muito inferior ao comum.
O que ele menos esperava era que nessa ilha ele fosse descobrir que as histórias que seu avô contava e que de uns anos para cá ele acreditava não passarem de uma farsa eram reais e as pessoas das quais ouvia desde criança eram reais e ele podia encontrá-las. É através dessas pesquisas que ele conhece o Orfanato da Senhorita Peregrine, onde várias crianças e adolescentes peculiares vivem. Só que ele não imaginava que os segredos e as descobertas estavam apenas começando.
Eu vou começar a falar um pouco do filme que foi o meu primeiro contato com a história de Ransom Riggs. Eu assisti dois dias depois que estreou e me lembro de que eu estava adorando a história, a trama, os atores, mas que no fim eu me senti um pouco decepcionado, pois não foi nada do que eu estava esperando.
Tim Burton, para mim, sempre foi significado de um material sombrio e obscuro. Nesse filme não tem tantos traços desses gêneros, no livro são mais explorados. Quando eu assisti, não sabia disso. Então fiquei meio surpreso, mas no sentido de decepção, ao ver o quanto o diretor e o roteiro infantilizaram uma história que tinha potencial de ser uma aventura repleta de mistério. E o final é a prova de que a história se tornou infantil perdendo assim seu maior potencial (que a primeira metade havia conquistado).
É claro que existem diversas cenas que são memoráveis e que realmente combinam com o livro, uma em especial me agradou demais e eu fiquei apaixonado pela forma como filmaram e desenvolveram tudo aquilo. Os vilões e os Etéreos, os monstros, estão bem feitos, achei incrível como os Etéreos foram criados e o quanto eles assustam, por mais que eles pareçam bem fáceis de derrotar, pelo menos no filme.

Os atores estão ótimos, destaque para a Eva Green, que interpreta a Senhorita Peregrine, personagem com a mesma personalidade do livro, embora com aparência totalmente diferente, mas que trouxe um ar mais juvenil e incrível para a personagem. Os outros atores não pecam e conseguem transmitir os sentimentos dos personagens com naturalidade, apesar do roteiro não dar espaço para o aprofundamento em suas histórias, como os gêmeos que estão praticamente apagados durante o filme, para que apenas no final eles tem alguma utilidade.
Agora vou falar um pouco do livro que tem o título mais extenso e que eu devorei em apenas dois dias depois que eu assisti o filme. A minha edição é ainda da Leya, porque, como eu disse, a Intrínseca ainda está para lançar a nova edição para o seu catálogo. A primeira metade do livro é bem parecida com o filme, Tim Burton conseguiu pegar a trama e fazer poucas modificações, mas na segunda metade eu senti que ele quis fazer algo original, diferente do livro, mas que no fim acabou obtendo um resultado inferior do que se tivesse usado o material original e transformado e aprofundando melhor. Eu sei, o livro é bem parado em questões de cenas de ação e o final não tem lá muitas cenas de ação e o filme queria ser algo mais aventura do que mistério, por isso eu entendi as modificações, mas senti que elas poderiam ter sido melhores.
Não estou julgando o filme, porque sei que como qualquer outra adaptação precisa ter mudanças, mas desde que pegasse o material que você está baseando e transformasse em algo mais interessante ou algo que tivesse um teor de ação maior, mas que não perdesse a linha. O final do filme meio que muda muita coisa do final do livro, eu não sei se vai ter uma sequência, mas sinto com total certeza de que ela será mais diferente ainda dos livros, algo que Divergente e Percy Jackson haviam feito, mas se O Orfanato da Senhorita Peregrine para Crianças Peculiares irá se tornar um Percy Jackson, que foi cancelado no segundo filme ou um Divergente que teve que tomar uma decisão trágica, só o tempo dirá.
A narrativa do autor Ranson Riggs é incrível, ele consegue te prender durante toda a leitura de uma forma que você se vicia a tal ponto que não consegue parar, é um livro parado em questão de ação, mas que te deixa envolvido no mistério que ele propõe. Só tenho uma crítica ao livro que é a mesma que tive ao filme, eu ainda senti que alguns personagens não tiveram as participações que mereciam, alguns eu até esquecia que existiam e depois me lembrava, então é um incômodo que eu senti tanto no livro quanto no filme que eu espero que eles aprofundem melhor nas sequências já que a trama pode criar potenciais personagens que serão abraçados pelo público.
As imagens do livro dão a sensação ainda mais do clima de suspense que cobre toda a história. Como eu sempre tive medo desse tipo de fotografia preto e branco em que as pessoas estavam sérias, foi algo que me causou arrepios, mas no bom sentido, já que fez mergulhar na história, por mais que eu já tivesse a imagem dos atores na pele dos personagens na minha cabeça.
Eu vou encerrar a crítica aqui, pois a partir daqui vai ser uma parte só de spoilers onde eu contarei tudo o que foi modificado entre o livro e o filme e a minha resposta à decepção dos fãs por causa do filme. Eu recomendo muitíssimo que vocês vão ao cinema para conferir essa obra incrível e depois quem sabe passar na livraria para começar a ler essa trilogia que promete muitooo! Se você é fã do Tim Burtom, melhor ainda, pois você sentirá no clima que ele costuma deixar em seus filmes, por amis que desta vez num tom um pouco mais infantilizado.
ALERTA DE SPOILERS
Esses dias eu fiquei lendo os comentários de pessoas que haviam assistido o filme depois de ter lido o primeiro livro ou a série inteira e fiquei surpreso quando li porque foi antes de eu ter lido o livro então não sabia direito as verdadeiras modificações que fizeram ao longo da história, talvez por isso que eu fiquei com um pouco de curiosidade para conhecer melhor a história do livro.
Muitos fãs ficaram decepcionados com as diversas modificações que o roteirista e o diretor fizeram com a história original. Muitos personagens tiveram suas idades mudadas e seus dons peculiares alterados. Por exemplo, a menina por qual Jacob se apaixona, no livro ela se chama Emma e seu poder é controlar o fogo, já no filme essa mesma garota se chama Oliver e seu dom é flutuar. Existe a Oliver no filme só que ela é uma criança, a garota da capa do primeiro livro é a Oliver, sendo que no filme é a garota por quem ele se apaixona, ou seja, trocando os papéis. Esses dias eu li o verdadeiro motivo dessa mudança e soube que era para tornar mais poético a personagens o que faz total sentindo, mas isso não justifica a mudança das idades dos outros personagens.
Eu não sei se foi porque eu assisti o filme primeiro e depois eu li o livro, mas eu senti que essas mudanças ficaram bem melhores do que as do livro, pelo menos as mudanças com os personagens. Já a história eu já não gostei muito. Uma coisa que mudaram muito foi o final, a senhorita Peregrine sobre um acidente como uma ave e por isso não consegue voltar a sua forma humana, ela está presa, isso no livro, já no filme, mesmo com a ferida ela consegue voltar a sua forma normal, o que deve alterar totalmente a história do segundo livro, já que ele se trata da busca do Jacob e os peculiares a fazer com que Peregrine volte ao normal para ajudá-os. Ou seja, se houver um segundo filme a mudança será enorme.
Eu vou começar a ler o segundo livro da série agora com esperanças de ter o segundo filme para saber o que os roteiristas vão criar para substituir a história do livro. O que nos resta é ter esperança de que essas modificações sejam tão boas quanto as ideias originais do autor.

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