[RESENHA] A SÉTIMA CELA, KERRY DREWERY
- Thati Machado
- 30 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

Título: A sétima cela
Autora: Kerry Drewery
Editora: Astral Cultural
ISBN: 978-85-8246-265-2
Gênero: Literatura inglesa / juvenil / distopia
Páginas: 316
"A sétima cela" é o mais recente lançamento da Astral Cultural e a primeira distopia da editora. Quem me conhece, sabe que sou a louca das distopias, então quando vi que a editora da qual faço parte lançaria uma, fiquei muuuito empolgada. O livro é narrado, na maior parte do tempo, em terceira pessoa e alterna o foco entre Martha, a protagonista, e pessoas próximas a ela que também serão importantes para a trama. O livro começa com Martha, de apenas dezesseis anos, assumindo ter matado Jackson Paige, o queridinho da nação.
" – Fui eu! – gritei. – Eu atirei nele! Eu matei Jackson Paige. – Não sei dizer o que eles responderam."
A Inglaterra aboliu o sistema de justiça tal como conhecemos. Martha é levada para o corredor da morte. Durante os próximos sete dias, ela ficará em sete celas diferentes e ao final desse período, receberá sua condenação: culpada ou inocente? Não existe mais um juiz, tampouco provas, testemunhas, absolutamente nada... A mídia é encarregada de expor o caso sem nenhum tipo de prova, apenas se baseando na confissão da jovem. Quem decide se ela deve morrer ou viver? É simples. Quem tem dinheiro para pagar. Para condená-la ou inocentá-la, a população deve votar através de ligações telefônicas, mensagens de texto ou pela internet, no melhor estilo reality show. O problema é que a desigualdade é gritante e nem todos têm condições de pagar. A justiça fica a cargo dos mais ricos, influentes e poderosos.
A partir dessa premissa, a narrativa intercala momentos do presente e do passado e assim, aos poucos, somos capazes de reconstruir tudo o que aconteceu e levou até o momento em que Jackson Paige foi morto. Acompanhamos também a rotina da jovem nas celas e das pessoas que ela deixou do lado de fora e que acreditam na inocência dela. O sistema é completamente falho: falhou com a mãe de Martha e também com seu melhor amigo, Ollie. Será que falhará também com ela? Se condenada, Martha será a primeira adolescente a enfrentar a pena de morte no país, o que acaba por atrair muita audiência.
Martha, a princípio, não possui motivação para matar Jackson Paige e é importante ressaltar que o queridinho da nação não é o filantropo generoso que todo mundo acha que ele é. Há muita coisa escondida debaixo do tapete e parece que é exatamente para expor isso que Martha está se sacrificando. Ela e Isaac, filho adotivo de Paige, têm um plano que pode pegar todo mundo de surpresa!

A escrita da autora é simples e de fácil entendimento. O livro demora um pouquinho a pegar no tranco, mas quando pega, flui de forma agradável e eletrizante. Na metade da leitura eu já tinha desvendado absolutamente tudo (é isso que dá ser a louca das distopias, rs) mas a falta de surpresa não foi um problema para mim. Adorei a sensação de ter acertado tudo (quem nunca?). A capa do livro é linda e combina perfeitamente com o conteúdo. O trabalho gráfico da editora também é impecável: folhas amareladas e grossas, fontes e espaçamento agradáveis. Mas, como críticas positivas são sempre necessárias para crescimento de qualquer trabalho, deixo aqui a minha: a revisão deixou um pouquinho a desejar. Ao longo da leitura peguei alguns errinhos bobos. Uns não interferiram na leitura, outros me fizeram reler o parágrafo em questão.
O livro é o primeiro da trilogia "A Cela" e confesso já estar ansiosíssima pelo segundo. O gancho que a autora deixou para a sequência (não posso dizer qual é, seria um baita spoiler) é ótimo... Ao que tudo indica, nossa trajetória pelo corredor da morte está só começando!
"Há um tribunal que está acima
dos tribunais da justiça,
e esse é o tribunal da consciência.
Ele supera todos os outros."
GANDHI

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