[RESENHA] ROGÉRIA, MARCIO PASCHOAL
- Rita Flores
- 20 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

*Livro cedido pela editora em parceria com a Aliança dos Blogueiros - RJ
Título: Rogéria
Autor: Marcio Paschoal
Editora: Estação Brasil
ISBN: 9788556080141
Gênero: Biografia
Páginas: 272
Alguém conhece Astolfo Barroso Pinto? Não? Mas certamente a grande maioria das pessoas já ouviu falar de Rogéria, transformista e performer no cenário artístico brasileiro. Rogéria sempre foi apaixonada pela arte e pela vida e, com isso, conseguiu conquistar seu espaço, mostrando a que veio, no teatro, televisão e cinema.
O livro, trazido à nossa apreciação por Marcio Paschoal, foi minuciosamente pesquisado para que um fiel retrato de Rogéria fosse apresentado ao público, desmistificando pensamentos errôneos e fazendo brilhar ainda mais essa pessoa iluminada e totalmente divertida, que ao longo de mais de 50 anos de carreira enfrentou desafios e assumiu posturas quando a época era de repressão e julgamentos mais acirrados do que vemos nos dias de hoje.
O autor, com grande maestria e sabedoria, chegou à conclusão que permitir que a biografia tivesse “voz própria” traria toda a emoção e o charme necessários para enriquecer e atrair o público, se bem que a própria Rogéria já o faz. Como ela mesmo diz: “ Não nasci, eu estreei”, uma frase, sem dúvida, poderosa para uma pessoa fascinante que não tem e nunca teve medo de se expor. Sua vida não foi um mar de rosas. Houve drogas, prostituição, mas ela soube encarar as diversas situações com coragem.
Uma vez, ao se drogar (ela comenta que essa não era sua praia), ela pensou ser uma andorinha e quis sair voando pela janela do apartamento de uma amiga.
“LSD pode ser muito bom para quem não tem imaginação, mas não é o meu caso.”
Trata-se de um livro biográfico, portanto, não há uma história com começo, meio e fim. Nessa obra, Rogéria revela suas andanças pelo mundo, suas experiências amorosas, seus anseios. É contada no livro sua vida, infância, adolescência. Ele, Astolfo, fora um líder nato desde criança e continuou assim após tornar-se Rogéria.
Carregado de fotos antigas e atuais (amei uma foto dele quando atuava como maquiador da TV Rio, em 1964), o que enriquece a narrativa, o livro está cheinho de depoimentos incrivelmente bem humorados e realistas. Há fotos de Rogéria enquanto Astolfo, de suas várias atuações em musicais e em contato com diversos artistas. É um livro impressionante, divertido e esclarecedor. Gostei muito. Li em dois dias e acho que vou reler. É sempre muito bom ver registrado o que a gente não presenciou em matéria de shows e outros acontecimentos que estão além de nossa simples e pacata existência.
Muitos fatos podem ser chocantes para aqueles que tendem ao preconceito, mas deixando isso de lado, é um vida representada nessas páginas e só depende do leitor encarar a narrativa como um ensinamento ou não.
Uma frase que vou lembrar para sempre: “Homens são sacanas forever”. Assim Rogéria define um lado de sua personalidade, sacana por não conseguir se fixar em ninguém, então, nesse momento, tem alma de homem.

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