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[RESENHA] DESCONSTRUINDO UNA, UNA

  • Una
  • 11 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

*Livro cedido pela editora em parceria com a Aliança de Blogueiros - RJ

Título: Desconstruindo Ina

Autora: Una

Editora: Nemo

ISBN: 978-85-8286-330-5

Gênero: História em quadrinhos

Páginas: 208

Eu não sou muito de ler histórias em quadrinhos, mas quando a editora me cedeu esse exemplar, pensei que seria uma ótima oportunidade de sair da minha zona de conforto. E, devo enfatizar que não me decepcionei nem um pouco.


Nesse livro, conhecemos Una, uma jovem que sofreu muito com a violência de gênero desde a infância. O livro mescla os acontecimentos sofridos pela jovem com as evidências e estatísticas do famoso caso do Estripador de Yorkshire, além de emitir, ao longo de suas páginas, diversos alertas. Trata-se de uma denúncia à nossa sociedade, que culpabiliza as vítimas ao invés dos agressores, não lhes dá o suporte necessário e revela como constantemente as mulheres são silenciadas.


Una revela as agressões sofridas diretamente por ela, assim como as que acontecerem ao seu redor, com pessoas conhecidas, até mesmo com sua mãe. Ela narra que o movimento feminista estava ganhando seu boom naquela época, mas que ela, vivendo em uma cidade pequena, não teve a oportunidade de tomar conhecimento dele, o que é triste, já que o feminismo teria ajudado Una a passar pelo turbilhão de agressões e ofensas que vinha passando.

Com ilustrações singelas e devastadoras, a autora tenta nos mostrar como se sente uma vítima de violência de gênero, algo que, por muito tempo, foi considerado algo isolado. Além disso, o caso do Estripador de Yorkshire revela outros fatores além do silenciamento da mulher: o fato das mulheres mortas serem prostitutas era algo razoável, afinal, elas "estavam procurando" por isso (como se a vida de prostitutas valessem menos ou algo assim); o estripador foi interrogado diversas vezes, ele estava debaixo do nariz da polícia que, cegamente, não achava que um pai de família poderia ser o culpado (privilégio masculino, sabe?); quando uma menina (que não era prostituta) foi morta, não juntaram os casos, pois o estripador tinha ódio apenas por prostitutas e não por "mulheres de bem"; quando outras mulheres tentaram denunciar o homem, não foram ouvidas (porque, novamente, não é o que se espera de um homem de família e a palavra da mulher sempre teve pouca importância).


"Essa é uma das razões pelas quais não importa muito o quanto você queira - é difícil colocar eventos traumáticos completamente no passado. Deixar para trás. Os gatilhos podem ser visões, sons e sensações."


A narrativa, vez ou outra, pode ficar um pouco confusa. Ao meu ver, com uma melhor organização e disposição de informações, além de uma linguagem mais simples, o livro poderia alcançar um número muito maior de pessoas. Ainda assim, enfatizo que fui profundamente tocada por Una. Esse livro mexeu comigo e me fez pensar em uma conversa tida com minhas amigas há vários anos: a maioria das mulheres já passou por algum tipo de violência de gênero, mas essa mesma maioria escolhe enterrar suas dores e lidar com seus traumas sozinha. Primeiro porque ficam com vergonha, segundo porque sabem que serão culpabilizadas ou que não acreditarão nelas. As mulheres são, durante toda sua vida, constantemente silenciadas e/ou desacreditadas. É preciso discutirmos o assunto cada vez mais, para melhorarmos o modo como lidamos com as vítimas dessa violência. Precisamos ser capazes de trazê-las de volta para a sociedade com as menores sequelas possíveis.

"Muitas garotas têm que lutar em silêncio, sozinhas, para continuar nadando contra a corrente, devido aos problemas que não podem ser nomeados. Em geral, a gente se vira. Algumas não têm tanta sorte."


 
 
 

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THATI MACHADO

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Thati Machado é escritora, blogueira, youtuber e design nas horas vagas além de uma grande apaixonada por YA's e distopias. Possui quase dois milhões de leituras no Wattpad e é conhecida por suas histórias cheias de representatividade. Além dos vários livros independentes, publicou "Poder Extra G" pela Astral Cultural e escreveu "Liberdade Comprometida" para a antologia "Mundos Paralelos" da editora Abril. Thati já foi tema de jornais como O Globo e o Fluminense, além de ter sido destaque no portal G1. Também já participou de programas como o Sem Censura e é o primeiro nome confirmado na segunda temporada das LitGirlsBr. 

RITA FLÔRES

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Rita Flôres  é professora de idiomas e literatura, formada pela Universidade Federal Fluminense. Escreve desde os 14 anos, mas só resolveu mostrar seus escritos em 2013, quando achou que sua imaginação deveria ganhar o mundo. Cantora, desenhista, blogueira, tem um envolvimento profundo com as artes. Ama cães, crianças, trabalhos voluntários e música. Seu sonho é ter uma livraria com um cantinho onde se possa ler para crianças.

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